A beleza (ou tristeza) do erro.

"Se atentarmos na etimologia da palavra, [“errar”], do latim erro, erravi, erratum, significamos 1. Errar, andar ao acaso; ir por aqui e por ali; circular, espalhar-se. 2. Afastar-se do caminho; desviar-se; perder-se do caminho. 3. Afastar-se da verdade; enganar-se; errar; estar em erro; dar um erro. 4. Estar incerto; hesitar; duvidar. Temos matéria que bonde, mas é preciso ir mais além, ir à etimologia da palavra latina [“errare”]. Aqui não há dicionário que nos valha, nem subsiste falante erudito que nos elucide. Teremos que especular. Depois de alguns exercícios mentais, que os afasto desta liça para não afastar o leitor, decidi-me por radiare e radium, respectivamente radiar e raio. Raio tem um duplo sentido, um geométrico e o outro físico. Em sentido geométrico é a linha que irradia do centro para os lados; em sentido físico, é a radiação electromagnética, a luz. Radiar, ou raiar, é a acção de emitir raios, a propagação divergente dos mesmos. Indo mais longe nas minhas elucubrações, deduzi a origem comum destas palavras em radix, a raiz.

O que motivou a minha pesquisa era descobrir o ponto origem do erro, o ponto a partir de onde começamos a divergir. A etimologia da palavra aponta-nos a raiz como sendo esse o ponto. Podemos, então, afirmar, com segurança, que a natureza do erro é a desradicalização, o afastamento da raiz das coisas. Isto dá que pansar já que, como comenta Tinta Permanente, A Vida, creio, tem por regra o Erro. Estaremos, então, por regra a desviarmo-nos da raiz das coisas?"

Eu por hora iria um pouco mais, e senão poeticamente e filosoficamente afirmar: portanto, minhas paixões são errantes. Espalhando-me, andado-me, distanciando-me do ponto principal, cada vez mais longe... distante...

Eu erro.