Ausência

Quando eu falo de ausência eu quero é saber se você sente falta de se sentar comigo na varanda e ficar olhando o nada.
Se você sente falta do bom dia logo cedo.
Se você sente falta dos sorrisos e dos socos.
Se você sente falta da falta de assunto, do silêncio, do cantar desafinado.
Se você sente falta das piadas sem graça, das histórias sem fim e da imaginação fértil.
Se você sente falta das mudanças de canal a cada meio segundo.
Das pizzas de quatro queijo.
Dos chops, dos banheiros, dos pores-do-sol, dos picolés, das lágrimas, do colo, da chatisse.
Se você sente falta da minha falta de jeito numa festa com todos os seus amigos ou do meu tédio aos domingos.

Quando eu falo de ausência eu falo é desse nó no peito que sinto quanto to feliz, quanto to triste, quando to viva ou meio morta assim...

Lorena Borges