Il ya toujours quelque chose d'absent qui me tourmente

Há algo que ainda machuca, que dói.
Uma ânsia de vômito qualquer.
Um embrulhar de estômago no canto do íntimo.
Dor, amargura, angustia profunda. dilacerante qualquer.
os vermes dançam no meu ventre.
ventre este que não nasce um novo coração.
há outro ventre com um coração por dentro.
quisera eu que não. quisera eu que inicio de maio não doesse.
os caminhos não trilhados (Frost sabe do que falo)
profusão confusa. angustia dolorida.
meu ventre podre, que não poderia dar fruto
pois coração não nasce aonde há vermes
há sempre alguma coisa ausente que atormenta.
namoradinha de Rodin me disse uma vez.
e quem há de entender?
nem eu mesma me entendo, e nem é para entender
há só de engulir, engulir, engulir,
na esperança de que se digira algo de bom,
a minha própria merda do que não sou
o que não fui é que me dói
os telefonemas me machucam
o apaguei da minha lista, não atendo mais certos números
há uma vontade de saber do futuro
espero que eu consiga
que consiga conviver com o fruto que não é meu
que não me doa o existir dos outros
não-poema sem poesia
não há doçura nessa amargura que sinto
o frio na barriga que me acompanha em cada pensamento
o telefone que toca, e a pessoa errada do outro lado da linha
que o início de maio não me doa.
não mais do que ainda me dói agora.