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reconheceram-se. beberam cerveja com a sede de antigos amates, fumaram ganzas para suportar o tédio da noite em Lisboa. segredaram-se tudo o que lhes acontecera desde o dia em que haviam partilhado a mesma cama.
-os olhos ainda vêem o que não morreu em nós.
-a vida deu mil voltas à nossa volta!
-não esperava encontrar-te por aqui.
-trabalho no circo,faço o número do homem-aranha.
-eras chavalito quando nos engatámos.
-e tu levaste-me contigo...fugimos, lembras-te?
separaram-se de novo ao amanhecer. um em direção da imensidade da cidade, e o outro de circo em circo, pelas datas dos santos e das promessas.

(O Medo. Al Berto, 1987:177)