coloca o seu chapéu. assim, bem tampando a cara. bem em frente ao teu rosto que é para eu me esquecer dos seus traços. ficar apenas com os traços da memória, que se traem, se inventam. isso, tampa o rosto. apaga esse rosto. que quero ficar apenas com a memória. os segredos que sei. as linhas do seu rosto, as rugas. as pintas. que invento. tampa esse rosto sem memória. que é essa a foto que quero colocar no meu porta retratos. como se, entre seu rosto e o chapéu, assim como você mantém, escondendo o rosto, fica guardado o segredo dos seus olhos. fica guardado o silêncio que nos mantém. guarde assim o seu rosto. que é assim que te guardo. na memória. que é assim que quero este retrato. o segredo do que se tem além do chapéu. o segredos que já fomos nós, e não mais seremos. guardo na memória o seu rosto. guardo na memória o meu rosto. guardo. no fundo da memória. atrás do chapéu, que é para não me tirar o foco do agora.



(ps. a poética dos textos é serem fictícios. parei um tempo de escrever, por que confundiam a ficção com o real. aqui não é o espaço do real. se quer encontrar o real, tome um café comigo.)