texto perdido entre meus cadernos.
em algum momento de 2009.


mas me doía tanto, tanto, que nem mesmo sabia de onde vinha tamanha dor. apenas doía, fundo e agudo e me confundia. era tamanha dor que eu ia perdendo a noção das coisas. perdera até mesmo a noção de quem era e do que fazia, apenas ia fazendo seguindo um extinto que nascia sei lá de onde.eu era extinto. pura sobrevivência e com essa tamanha dor eu tinha apenas uma sobre-vida. eu era dor, aguda , confusa. e de toda aquela confusão, pessoas correndo de um lado para o outro, gritos, choros, soluços, e no meio daquela confusão vi uns pés assim juntinhos, parados, tímidos. vi uns pés negros, sujos, tímidos, que chegavam até a dar dó. e desses pés nasciam canelas finas e machucadas que se insistiam de pé naquela confusão. e daquelas canelas nasciam pernas trêmulas, tímidas e fracas e postos a essas perninhas amargas e inocentes se postavam duas mãozinhas, delicadas, que se agarravam uma a outra. vezenquando uma dessas mãozinhas se separavam e iam lentamente, no meio dos gritos e soluços encontrar os olhos. os olhos daqueles pezinhos negros, das canelinhas finas e das perninhas trêmulas. os olhos que choravam lágrimas secas. os olhos firmes, tristes, daquelas mãozinhas delicadas, aqueles olhos que deus, fitei tanto. aqueles olhos a encontrar os dedinhos incertos. que deus, que cor era aqueles olhos?