Eu me despeço de todos vocês.

Chego em casa, depois de uma visita aos amigos. Uma 'despedida' (mais com cara de 'até logo') daqueles que realmente me marcaram.
Chego em casa e vejo, sobre o móvel da mesa a compra do supermercado. Minhas bolachas favoritas, chocolate meio amargo que tanto amo, barra de cereal que sempre foi um luxo, nissin pra horas de desespero e fome, leite, macarrão, vela, fósforo.
É... acho que são as minhas compras.
Chego em casa e vou para o quarto. Ele nunca esteve tão grande... e tão vazio...
Já não há mais a minha beliche, nem a minha escrivaninha (fiel companheira). Abro o quarda-roupa e só se encontram as roupas que não uso mais, os sapatos velhos que já nem mais servem e que guardava por pura dó de joga-los fora.
Aquele quarto já não é mais meu. Mas ainda preserva a minha cara e a minha vida, a minha cela. Ainda possui meu mural a rodar no teto (presente precioso), e ainda possui o meu mural de fotos, m a r c a n t e. E meu som de discos raros (raros pra mim claro.)
Chego na sala, e lá estão meus móveis, todos desmontados. Duas malas com todas as minhas roupas.
E até o Apolo está lá na sala, a minha espera, a espera da minha mudança.
Estou feliz.

Estou feliz e descobri o quanto sou rica, basta uma olhada na sala pra ver quanta coisa eu tenho.
Eu sou rica e só me dei conta disso hoje.
Estou feliz, estranhamente feliz, porque sei que embora esteja indo embora da minha casa, esta será sempre A MINHA CASA!



amo todos vocês.
sigo o vento e crio agora, novos caminhos.
FORÇA SEMPRE!


"E me despeço de todos vocês
Muitos aqui não verei outra vez
Fora o inverno e o tempo ruim
Eu não sei o que espera por mim
Mas pouco importa o que venha a ser
Se eu tiver um dia a quem dizer"

Lorena Borges
"dê-me mais vinho porque a vida não é nada"

Sou como a história da humanidade... meu passado é imutável e meu presente escreve meu futuro... volto as páginas do livro de minha vida, encadernado a couro gasto e de páginas amareladas, apenas para relembrar trechos a muito esquecidos e aprender com eles... meu futuro são páginas em branco desse inacabado livro que chamo vida... páginas que ainda serão palcos de minha existência e conterão trechos fatidicos, belos ou mesmo agoniantes das decisões tomadas por mim... Cada linha, nota de rodapé ou mesmo manuscritos nas laterais são componentes essenciais para me conhecer... para me entender... cada vírgula ou traço indicam uma caracteristica indizível pelas palavras humanas... sou o tudo dentro do nada... e o nada dentro do infinito... sou o meu oposto direto e complementar... sou meu maior inimigo e meu melhor amigo... a cada linha escrita em meu livro, um segundo, uma hora, um dia quem sabe se passou... e o meu presente se torna então o imutável passado... visto apenas de relance num folear rapido das páginas... deixando apenas um vislumbre do que eu fui e abrindo as portas para o que eu posso vir a ser... Sou o livro velho esquecido na prateleira de uma empoeirada biblioteca... com muitos ensinamentos para passar... mas de dificil acesso a quem não deseja realmente aprender...



Esse perfil dedico a uma amiga... que apesar da enorme distancia entre nós... me é querida como se estivesse eternamente próxima... se a vida dela fosse um livro.. com certeza teria encadernação em couro bem cuidado c broxuras em prata... folhas gastas pelo uso e um milhão de marcações e anotações... de uma única beleza e de uma forma de mostrar o mundo inigualável...


abraço abraço...


Rafael Bachelar

ninguém nunca tem o controle da situação.

Mudanças

Cada segundo que passa eu vejo o amanha se transformando em ontem e isso tem me amedrontado demais. Queria mais do que nunca que o tempo parasse, que eu não crescesse e nem precisasse amadurecer. As coisas tem se tornado realmente difíceis, e tenho tentado olhar sempre o lado bom das coisas, para conseguir manter a minha sanidade, mas é realmente difícil acordar e ver que aquele quarto que você passou toda a sua vida já não é mais seu, e nunca será o mesmo novamente, que aquela é a ultima semana de moradia na casa que sempre foi sua.
É difícil aceitar tantas mudanças tão ráido, e encarar que você estará pela primeira vez por si só. Sozinha como nunca imaginou que estaria. Sem nem um suporte, suportando pesos e dores que te fazem imaginar que a loucura esta cada vez mais presente.
Mas é preciso seguir em frente, superar todos os medos, tentar esquecer todas as dores, e me fixar nos pontos positivos, para que eu possa seguir em frente e não desistir de meus caminhos.
Tem sido realmente difícil, e tenho vivido estes ultimos dias aqui com tal intensidade para eterniza-los.
Minha vida em todos os aspectos vai mudar, radicalmente, e eu como uma boa taurina, odeio mudanças.
Mas é me adaptar e tentar não sofrer tanto com essas coisas que aos poucos vão me dilacerando... por mais difícil que seja.

Lorena Borges

- O que será de nós

- O que será de nós?
(Tenho tanto medo que se interesse por alguém, que se esqueça o quanto eu lhe fazia feliz. Que percamos a magia, que eu me interesse por alguém. Que não suportemos a distância, que nos distanciemos. Tenho tanto medo que me esqueça, que me traia, que minta, que eu minta, que eu traia. Que você esconda coisas, que eu esconda coisas. Que haja desconfiança, que se perca o carinho. Que se perca o amor. Tenho tanto medo de não se tornar eterno, tudo aquilo que eu sonhei e sonho com você. Tenho medo de descobrir que não descobri o que é amor, paixão... tenho medo... O que será de nós?)
- Seu curso é de quanto tempo?
- 4 anos...
- Então daqui ha 4 anos agente vê se foi difícil ou não =]


(não haveria resposta mais perfeita)

Lorena Borges
taurinas odeiam mudanças.

"Só tu tens estrelas que sabem rir"

E tu sabe me fazer rir, e trazer alegria para os meus dias que têm se tornado tristes...
As horas passam rápido, e rapidamente o amanhã vai se tornando ontem, e isso me dá medo...
Mudanças me dão medo, não nego meu sangue taurino.
Mas tu sabes me trazer alegria, quando achava que tudo estava perdido...
Te ver por minutos me alegra por horas, e me faz esquecer aquilo que me atormenta.
Abraçar-te me faz lembrar o quanto eu o amo e lhe quero bem.
Acho que você nunca vai entender a imensidão do amor e carinho que tenho por você, porque você me faz feliz.
E a felicidade que me proporciona é bem maior do que toda a tristeza em que vivo.
Basta olhar uma foto sua para que eu me apaixone de novo.



"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas"
... você me cativou.

Lorena Borges

"O amor é um elo
entre o azul
e o amarelo"

Paulo Leminski

Meu Deus, me dê a coragem

Meu Deus, me dê a coragem de viver trezentos e sessenta e cinco dias e noites, todos vazios de Tua presença. Me dê a coragem de considerar esse vazio como uma plenitude. Faça com que eu seja a Tua amante humilde, entrelaçada a Ti em êxtase. Faça com que eu possa falar com este vazio tremendo e receber como resposta o amor materno que nutre e embala. Faça com que eu tenha a coragem de Te amar, sem odiar as Tuas ofensas à minha alma e ao meu corpo. Faça com que a solidão não me destrua. Faça com que minha solidão me sirva de companhia. Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar. Faça com que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo. Receba em teus braços meu pecado de pensar.

Clarice Lispector
"Nosso amor puro
pulou o muro
caiu na vida
Jamais seremos o par
romântico
que outrora fomos"

Chacal

Relationships, they get better with time
Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que, por admiração, se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles. Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.

Clarice Lispector

E o que eu desejo é luz e imaterial





















Que canto há de cantar o que perdura?

A sombra, o sonho, o labirinto, o caos
A vertigem de ser, a asa, o grito.
Que mitos, meu amor, entre os lençóis:
O que tu pensas gozo é tão finito
E o que pensas amor é muito mais.
Como cobrir-te de pássaros e plumas
E ao mesmo tempo te dizer adeus
Porque imperfeito és carne e perecível

E o que eu desejo é luz e imaterial.

Que canto há de cantar o indefinível?
O toque sem tocar, o olhar sem ver
A alma, amor, entrelaçada dos indescritíveis.
Como te amar, sem nunca merecer?

Hilda Hist
(e nada nunca é como agente imagina)

Identidade

















E esta esta agora
Que abre as pernas para o seu amante
Que lhe mostra o sexo ardendo em fogo
Que tira sua máscara
Que assume a sua luxúria

E é esta agora
Que se derrete em lágrimas
Que sofre com o seu gozo solitário
Que mistura o seu grito de prazer e dor
Que sangra por dentro
Que clama por carinho
Que se cansa do sexo solitário

E é esta agora
Que não sabe mais qual máscara vestir
Que não sabe mais qual papel representar
Que já não sabe mais o que é amaor
nem sexo, nem carinho, nem dor.

E é esta agora
Que já não é mais nada.

Lorena Borges




"E é o carinho escasso
O extindo acesso
E o gozo solitário"

Lorena Borges


(ando meio assim...

entre Hilda Hist e Manoel Bandeira.)

De repente as palavras sumiram e eu fiquei sem saber por onde procurá-las.

Talvez tenha sido esse turbilhão de sentimentos que as tenha afastado ou, simplesmente, puro desencontro da razão e emoção.

E apesar de estarem em mim, ainda me faltam...