Desde que decidi te escrever, o sentimento dentro de mim se acalmou. Fiquei com medo de ter matado você. Mas se eu tiver te matado, você me perdoa? As veze é necessário. É que sou meio assim, de paixões voláteis. Mas talvez seja apenas uma estratégia de me proteger de mim mesma e da minha burrice. Para eu não deixar que minha paixão me faça cometer um ato desses bem burro. Não me deixe tropeçar em praça pública bem assim quando você passa. É uma espécie de aquietação. E o problema é não to conseguindo sonhar. Não consigo criar histórias. Como se a vida fosse cuidar disso por mim. Então eu deixo. Te guardo dentro. Sem te matar em mim. E na hora incerta que será a certa, te encontro num susto.
Vou escrever cartas de amor para você.
Você que sabe que eu existo, que outro dia mesmo trocou palavras e pequenos sorrisos. Você sabe que eu existo. Mas não sabe o quanto você existe em mim. Vou escrever para você. Porque vivo vidas e histórias pensadas sobre você. Sobre nós. Gosto de alimentar paixões platônicas. 
Deve ser gostoso saber que alguém, viajando por aí, com todo o mundo a sua frente pense em você. Com tanto amor, desejo, que chega a dar frio na barriga. Feito paixão juvenil. Pois saiba que penso em você.
Meu último amor platônico eu matei. Não quero matar você. Queto concretizar você.
Sabe, eu to viajando. E desde que comecei a pensar em você assim, feito sonho bom, já estive em muitos lugares.
Agora to de frente pro mar, não sei como se chama essa praia. To usando 6 blusas e 3 calças. Mas o coração ta tão quentinho de pensar em você e nos verões que teremos. Me perdoe Floripa, mas quero um amor baiano com você. Pode até ser fluminense. Ou mineiro. Mas de interior. Feito a gente, interiorano. Do interior da parte de dentro. Onde te guardo. 
Me apaixonei por você, só pelo fato de você existir. Dai conversei com você e vi que meu coração sentiu o que meus olhos já tinham constatado. Sou meio assim, ou bate ou não bate. E minhas melhores paixões bateram no se ver. Eu tinha um relógio de zebra. Você tinha um relógio azul. E é tão bom apaixonar. E ao mesmo tempo não esperar nada em troca. Aprendi, finalmente, a ser leve. Ou estou aprendendo. Leve, feito leve pluma muito leve, leve pousa. 
Vem pousar do meu lado, vem? 
Mas não precisa ser agora. Até porque não queria me apaixonar agora. Mas a vida prega peças. Me apaixonar justo agora que to querendo conquistar o mundo? 
Lorena vai embora. Mas Lorena tem aprendido que quer voltar. Qual o lugar que você gostaria de estar? Me fiz essa pergunta outro dia. 
Ontem, na verdade. Sai para comprar umas coisas, voltei para o hostel com vontade de fazer capuccino e me sentir em casa. Casa. Minha casa agora é BH.
A minha primeira grande viagem foi para fugir. Achei que essa agora fosse para encontrar. Mas dai, no intervalo dessas grandes viagens fiz muitas pequenas grandes outras, conheci amigos, amores e lugares. Não procurava nem fugia. Mas redescobri o significado de 'casa' e 'amigos'. Minha casa é Beagá.
E você, aonde está? 
Conhece Navegantes? É aqui que eu estou. Não por escolha. Mas indiretamente por escolha. Não achei nada de especial por aqui. Mas encontrei, por entre essas ruas e olhando o mar, estas palavras. 

Quero cheirar seu cabelo. 

Olha, eu não quero te assustar, mas se você deixar, a gente vai se divertir muito. Loucos, livres e leves. 
Vou ali conhecer um pouco do mundo e volto. 

Lorena foi embora, mas dessa vez volta. 

Cultivo pequenas mentiras