O que nunca será dito.

De todas as coisas que eu inventei você foi a mais bonita. As vezes tenho uma esperança enorme de que as coisas aconteçam - embora eu saiba que nada vai acontecer. Mas fico na esperança de que algum dia elas sejam diferentes, na esperança de uma conversa qualquer ou de um olhar. Já imaginei todos os diálogos possíveis. Isso não é ridículo? Viver um amor tão completo apenas na imaginação? Acho que no fim eu devo ser mesmo ridícula, sempre me apego a coisas que não existem, ou melhor só existem aqui. E por mais ridículo que seja tudo isso eu ainda tenho esperança, não sei porque. Talvez porque eu saiba que se acontecesse daria certo - daria muito certo. Principalmente pelo fato de que nunca esperei nada de você, nem as coisas que eu inventei geram alguma expectativa sobre você. Tudo o que quis foi apenas uma oportunidade, porque sei que só isso seria suficiente. O fato é que nunca consegui invetar mais do que como tudo começaria, não consegui ir além do inicio da amizade, porque sei que depois disso a gente mesmo se encarrega, porque daria certo - sem nenhuma expectativa. De qualquer forma, mesmo sem saber, você já é parte de mim. E se nada acontecer, espero pelo dia em que apenas direi: - Você é importante para alguém apenas pelo fato de existir. Obrigada.E darei as costas para seguir o meu caminho, tendo certeza de que você não se esquecerá disso.

De todas as coisas que eu inveitei você foi a mais bonita.
E no final quem se importa?

Eu vejo que aprendi
O quanto te ensinei
E é nos teus braços que ele vai saber
Não há por que voltar
Não penso em te seguir
Não quero mais a tua insensatez

O que fazes sem pensar aprendeste do olhar
E das palavras que guardei pra ti
Não penso em me vingar
Não sou assim
A tua insegurança era por mim

Não basta o compromisso
Vale mais o coração
Já que não me entendes, não me julgues
Não me tentes
O que sabes fazer agora
Veio tudo de nossas horas
Eu não minto, eu não sou assim
Ninguém sabia e ninguém viu
Que eu estava a teu lado então
Sou fera, sou bicho, sou anjo e sou mulher
Sou minha mãe e minha filha,
Minha irmã, minha menina
Mas sou minha, só minha e não de quem quiser
Sou Deus, tua deusa,meu amor
Alguma coisa aconteceu
Do ventre nasce um novo coração

Não penso em me vingar
Não sou assim
A tua insegurança era por mim
Não basta o compromisso

Vale mais o coração
Ninguém sabia, ninguém viu
Que eu estava ao teu lado então

Sou fera, sou bicho, sou anjo e sou mulher
Sou minha mãe e minha filha,
Minha irmã, minha menina
Mas sou minha, só minha e não de quem quiser
Sou Deus, tua deusa, meu amor
Baby, baby, baby, baby

O que fazes por sonhar
É o mundo que virá prá ti e prá mim
Vamos descobrir o mundo juntos baby
Quero aprender com o teu pequeno grande coração
Meu amor, meu Chicão...

É preciso ter uma certa fé no futuro.
"Descobri que minha obsessão por cada coisa em seu lugar, cada assunto em seu tempo, cada palavra em seu estilo, não era o prêmio merecido de uma mente em ordem, mas, pelo contrário, todo um sistema de simulação inventado por mim para ocultar a desordem de minha natureza. Descobri que não sou disciplinado por virtude, e sim como reação contra a minha negligência; que pareço generoso para encobrir minha mesquinhez, que me faço passar por prudente quando na verdade sou desconfiado e sempre penso o pior, que sou conciliador para não sucumbir às minhas cóleras reprimidas, que só sou pontual para que ninguém saiba como pouco me importa o tempo alheio. Descobri, enfim, que o amor não é um estado da alma e sim um signo do Zodíaco."

(Gabriel Garcia Marquez)

Ao gosto de agosto.

'Para atravessar agosto também é necessário reaprender a dormir, dormir muito, com gosto, sem comprimidos, de preferência também sem sonhos. São incontroláveis os sonhos de agosto: se bons, deixam a vontade impossível de morar neles, se maus, fica a suspeita de sinistros augúrios, premonições(...) Para atravessar agosto ter um amor seria importante, mas se você não conseguiu, se a vida não deu, ou ele partiu sem o menor pudor, invente um. Pode ser Natália Lage, Antonio Banderas, Sharon Stone, Robocop, o carteiro, a caixa do banco, o seu dentista. Remoto ou acessível, que você possa pensar nesse amor nas noites de agosto, viajar por ilhas do Pacífico Sul, Grécia, Cancún ou Miami, ao gosto do freguês. Que se possa sonhar, isso é que conta, com mãos dadas, suspiros, juras, projetos, abraços no convés à lua cheia, brilhos na costa ao longe. E beijos, muitos. Bem molhados. Não lembrar dos que se foram, não desejar o que não se tem e talvez nem se terá, não discutir, nem vingar-se, e temperar tudo isso com chás, de preferência ingleses, cristais de gengibre, gotas de codeína, se a barra pesar, vinhos, conhaques - tudo isso ajuda a atravessar agosto. Controlar o excesso de informações para que as desgraças sociais ou pessoais não dêem a impressão de serem maiores do que são. Esquecer o Zaire, a ex-Iugoslávia, passar por cima das páginas policiais. Aprender decoração, jardinagem, ikebana, a arte das bandejas de asas de borboletas - coisas assim são eficientíssimas, pouco me importa ser acusado de alienação. É isso mesmo, evasão, escapismos, explícitos.'

(Caio Fernando Abreu)


Eu inventei meu amor de agosto.
Ao gosto do meu gosto.

Ou pelo menos inventei a situação e todos os passeios.
Sem freios.

Segunda consideração:

Muita coisa fica.
Inclusive uma mágoa profunda.