Ela o era... ?


Se era feliz não sabia.
Se aprendia não o sabia, se vivia não o sabia, apenas ia existindo, como um fruto que amadurece e cai, porque esta em sua natureza: amadurecer e cair.
Quase vivia, quase amava, quase aprendia.
Vivia no quase, e em toda a sua desilução.
Era assim sozinha, somente com seus cabelos amendoados e a pele branca, que chegava a refletir ao sol. Vivia na imensidão do quase, na desilusão do nunca realmente ter sido. Angustiada. Ela era angustiada.
Vivia na pressa de ser quase alguma coisa, vivia correndo, com medo de não viver tudo - pois a vida é curta - que acabava por não viver bada, oscilando sempre no quase.
A noite chegava e com ela as lágrimas, lagrimas secas e angustiadas.Ela não era, estava ali apenas port er sido um gozo, por ter sido apenas uma vez um além de quase. Ela o era e não sabia. Assim como era até feliz porque não sabia que era triste.
Vivia no outono, em meio ao anda, em meio ao que não aquece, não aflinge, nem acalma.
E o era e não o sabia porquê.
E ela o era e chorava, porque o era.
Parava em frente as bancas e lá ficava a olhar as garotas de revistas, apenas um corpo aos olhos do mundo. Mas olhando aquelas revistas ela tinah história. Ela vivia e era alguém e abandonara um quase, mas tão somente quando olhava as revistas. E como sem saber o porque perdia logo o interesse e ia embora, como um suicida que perde o interesse na vida e se mata sem nem mesmo saber o porquê.
Ela era infeliz e não o sabia então brincava que era feliz... uma felicidade melancólica porém... angustiada.
Ela o era e não o queria ser.

Lorena Borges