não queria ser cancêr, tumor ou aids. aqui nesta ruína com cheiro pútrido de comida esquecida deito minhas dores também pútridas. talvez este lugar abandonado me pertença, pertença à minha dor, esse fedor a adentrar minhas naridas sem que eu deixe. aqui parece esquecido, queria me esquecer. deixei muitas dores. quis eu ser flores e tenho sido apenas dores. dor aos pássaros e aos olhos claros. a beleza, e a tristeza, das coisas deve estar no fato de terminarem. paredes com buracos exatos. nunca fui exata na vida. geometria confusa das minhas ações, sentimentos, emoções. a paixão que gera a dor que deixo, em todos. em todos eles que idiotamente me conheceram, queria (...) deixar apenas saudades boas, ausências sentidas, falta apertada. o gesto de boca de peixe. a sina de trazer flores e deixar dores me confunde. evito o erro e cada vez erro mais. talvez um dia o próprio erro aprenda que só ele tem vez. flores e dores talvez porque seja eu intensa. só não sei se isso é bom ou ruim. a gente é melhor quando está morto.
formigável,
ser folha seca no mato.